quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Rancor

Sempre me lembro daquele dia. Fui pela primeira vez com a escola ao zoológico. Alem disso foi em Curitiba, minha melhor época. Foi um passeio comum, tinha 8 anos, era criança, tinha amigos e era relativamente feliz.
O que marcou aquele dia foi um certo momento quando fomos observar as maravilhosas girafas. Era a parte mais importante do passeio. Sempre estudei em escola publica, assim naquele momento nós, os “marginais”, todos livres rindo e brincando. Ao nosso lado um grupinho uniformizado, organizado, enfim, nosso oposto. A professorinha que os guiavam não parava de falar como em uma de suas aulas. Enquanto a nossa, menos didática, misturava-se aos alunos dispersos, apenas passeava.
AH girafas... como nos chamavam a atenção!. Era a primeira vez em zoológico de muitos de nós. E elas em nossa frente se comportando como simples girafas. Uma delas começou a urinar, suponho que fosse a fêmea, e a outra, o macho, se pôs a cheirar e lamber aquilo. Agora, que reação se espera de crianças de 8 e 9 anos numa cena destas? Uma reação simplesmente infantil e humana: começamos a rir. A outra professorinha com a sua turminha de alunos pomposos, nos olhou com todo o desprezo e toda entupida perguntou aos seus: “Então turma, me digam por que a girafa macho está fazendo isso?”, seus aluninhos inexpressivos em coro: “pra saber se ela está no cio”.
Mesmo não sabendo que é, e sabendo que nunca vai ler isto. Quero agradecer a está educadora do ensino privado, pela lição que me deu aquele dia. Com 8 anos aprendi a identificar quando uma pessoa tem a intenção de humilhar outras. Sua intolerância ao nosso comportamento, mesmo que não tenha dito o que pensou, pude identificar com suas expressões de nojo ao nos encarar. Tenho certeza de sua satisfação ao “esfregar na cara” das outras crianças a superioridade de seus alunos zumbis tão bem informados. Essas maravilhosas informações que só todos os seres vivos e os seus alunos sabiam.
pronto falei!

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