quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Então me dê isso Tempo!!!

Minha memoria olfativa certamente é uma das coisas que mais me incomodam, porque cada lembrança boa ou ruim tem sempre um cheirinho como pasta onde se guarda a história correspondente.
Nessas épocas, e meses finais especificamente, algumas especiais que incomodam, lembranças que me fazem não perdoar o tempo por ter passado assim e principalmente NÃO ME PERDOAR. Sim, eu podia ter ido aquele dia, e ter uma ultima conversa, eu sabia que seria mesmo a ultima... Foi assim da primeira vez, e dói saber que perguntavas de mim quando eu podia ter ido, não fui.
Os cheiros, de café recém coado, de sabão caseiro, de fogão a lenha e aquela cera que passava nele, da arvore de avelã, da terra batida no quintal, esses ficam aqui comigo agora. Eu não consigo dormir, eles ficam aqui comigo, assim como a cicatriz no pulso direito daquele cachorro chato que me mordeu uma vez, o mesmo que deixou as marcas das patinhas no cimento da calçada. Eu tomei uma anti-rábica e ele uma surra, coitado, a culpa foi minha...
Melhor fazer as pazes com o tempo, comigo ainda não será possível. O tempo me deu muito, me deu tudo, tudo que eu precisava para acreditar no que sinto. Os cheiros não saem daqui do meu quarto hoje, porque essa é quando você morre de saudade.
Um nariz entupido não resolveria a insônia, eu sinto o cheiro porque a pasta desta história foi aberta de novo. Dói, mas talvez quando eu dormir me convença de que posso estar feliz, eu tive muito enquanto os tive aqui. Eu tive tudo. Puderá um dia dar a alguém algo assim também.
Eu vou sim, mas o tempo quem me tira é o mesmo que pode me dar.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Covarde de peito de fora!

Eu já vivi um tempo, que não muito distante, essas palavras faziam sentido. O mundo parecia tão mais suportável com o meu "auto-isolamento", todas as coisas de que precisava eram simples e convenientemente dentro do meu controle. Mantendo o mínimo de contato social, eu poderia controlar aquele mundo onde era inatingível sobre as pessoas e a sua "podridão" como costumava chamar, criando um mundo próprio eu cheguei nesse ápice da inocência e ingenuidade.
É justo fazer também esclarecimento que usaria as palavras do velho bêbado muito equivocadamente. Me apropriaria dessas como a proteção que eu usei como fuga durante anos, sendo que os medos que tinha na época nada tem haver com aquilo que você sente quando há um comportamento anti-social e a quase auto-suficiência  para se evitar pessoas. Não gostar de gente nunca foi o meu problema como eu costumava pensar com minha cabeça cheia de impressões construídas por falta de experiência. O problema sempre foi não gostar de mim, não aceitar aquilo que eu via e temer a dor de ser vista dessa forma tendo que sofrer sobre esse olhar o julgamento e a rejeição (que eram os meus próprios sentimentos).
Nada sai como o plano, isso é a melhor parte, inclusive a qual tenho gratidão. Uma fantasia dessa se concretizando me tornaria certamente uma pessoa muito mais doente do que as vezes penso ser.
Talvez eu seja um dos exemplares (porque tenho esperança que existam mais) dos que da infância tardia passaram numa transição forçada para a vida adulta, sem aquele doce limão da adolescência para intercalar. Não se engane se pensar aqui se desenrola um drama abestalhado, sobre autopiedade, certamente a autopiedade abestalhada já não pode ser mais desenvencilhar das características da história contada, mas tudo se trata de uma comédia pastelão pessimista.
A parte em que se fundem as duas partes são as em que a visão de podridão humana passa do olhar ao mundo externo para frente do espelho, quando minhas escolhas me levam a ¹cavar o abismo com os pés.
São de minha total responsabilidade, tornar de uma vida normalzinha e segura um roteiro de bizarrices e perder a chance de passar por isso sem tanta dor.
O que leva a tanto erro?
Acredito que não sou um ser humano tão abaixo da média
Acredito ter discernimento para ter feito melhor
Seria falta de respeito que tem como ancestral a minha visão insatisfeita sobre minha pessoa?
Seria paixão, como aquela que te faz cegar sobre as razões de agir corretamente diate de tanto desejo de viver aquilo que se deixou passar?
Seria apenas a inocência que custa a se desfazer, sobre o peso da vida adulta sem preparo prévio?

Quando você passa a conhecer gente da sua forma pura, entra na casa dizendo bom dia e sai recebendo um pedido de desculpas pelo "desabafo" que acaba de escutar, todos os dias, de maneiras e pessoas diferentes, das lagrimas que saem inevitavelmente diante dos diversos tipos de sofrimento de diferentes seres humanos em suas infinitas variações e formas diante de alguém tão sem jeito para lidar com a situação que presencia tanto quanto a de sua própria e desastrosa existência, é o momento que se aprecia diante do tumulto que crio para fazer coisas simples, porque você pode ser ator o tempo inteiro, pode fazer o  papel da vitima, do problema e até o papel de quem está ali para ajudar com algum tipo de experiência parecida falsamente e SEM SUCESSO, porque na vida tem uma coisa que eu aprendi de verdade: no mundo imaginário as coisas dão certo quando se escolhe a via mais atrativa e reluzente, mas só nele. Porque tem coisa mais contraditória do que chamar certas ações de pecado aquilo que todo mundo quer? é tão fácil se limitar em barreiras pré-concebidas não deixa de uma ótima comparação aquela ilusória sensação que eu tinha quando achava o mundo seguro sem ter que encarar a vida.


¹música viciante "O Mundo é Um Moinho", na vida já referenciei a diversas figuras que me causaram transtorno, mas ninguém nunca me superou neste quesito. 

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A lei "Ain't Got No / I Got Life"

A lei, o fato, a verdade e simplesmente a segunda coisa em que eu deposito toda minha crença e confiança sob qualquer circunstância, está descrito completamente em uma canção de Nina Simone chamada "Ain't Got No/ I Got Life".
Umas de nossas maiores fraquezas é a de procurar sempre uma opção mais fácil, que seria mesmo como procurar acreditar em algo mais confortável e convivente, para que se justifique e/ou se disfarce o ato de se acovardar diante das intemperes que fazem parte da vida. Sob essa condição, nos segamos propositalmente e nos apegamos a esperanças em coisas inúteis. Inúteis, porque a única forma de se superar um problema é encara-lo verdadeiramente, "olhar para a cara" dele e aceitar o fato de que existem coisas que dependem de nossa mão para serem mudadas e outras com as quais simplesmente temos que aprender a conviver.
O que a canção (que eu ouço incansavelmente a alguns anos) faz é a divisão clara e definitiva sobre as coisas que são nossas realmente e as que não são, não apenas isto, fica claro tudo aquilo sobre o que temos domínio. Resumidamente o que temos é nossa vida, nosso corpo e nossa liberdade, nada além disso mesmo que faça parte de nossa vida diária, mesmo que temamos todo o nosso apreço, NADA além dessas coisas é nossa, nem coisas, nem pessoas, nem o próprio conhecimento (algo que apenas nos apropriamos). A utilidade delas, assim como sua permanência em nossas vidas não se determina a nossa vontade.
Existe uma ligação direta ao sentimento de posse e controle com o estado de felicidade que o ser humano tem como ideal. A está parte que se faz a ligação, também ligo uma referência importantíssima sobre esse modo de ver a vida, que é o a obra do filosofo grego Epicteto (que beiram os 2000 anos e é fonte de inspiração desde então). Epicteto como um estóico, relaciona-se perfeitamente com o referencial anterior, do que diz respeito ao que está sobre o nosso controle. Para ele a felicidade está em um controle total (é impossível na minha humilde opinião) de nossas emoções. Os sentimentos nos fazem agir, porém cabe a pessoa filtrar essa transferência para que o próprio sofrimento e desespero não proporcione mais do mesmo. Tudo se refere principalmente sobre o auto-controle, sobre o domínio de nossa capacidade de julgamento sobre a própria vontade antes da ação. Assim como a importância de se criar uma consciência de aceitação sobre as coisas sobre as que não temos domínio.
Em um ideal de liberdade, sobre o qual pode-se até mesmo discutir até onde o mundo nos permite fazer uso dessa nossa propriedade genuína, as pessoas não apenas deveriam fazer de suas vidas o que bem entendessem, mas também não interferir sobre a das demais. Também neste ideal, cabe a importância de libertar-se de si, sobre nossos equívocos, sobre nossos vícios, sobre nossa falta de controle...
Não sei até que ponto é possível viver feliz através de uma doutrina como a do "Manual de Epicteto", e tenho certeza que mesmo que passe a vida tentando, passarei também a vida falhando. Porque somos acima de tudo imperfeitos e idealistas.
Até hoje não encontrei algo que fizesse mais sentindo, do que está canção e este cara respeitável cara morto.